A doença, que também pode atingir humanos, tem uma cura lenta e que pode levar alguns meses, mas suplementação estratégica pode auxiliar na recuperação dos animais
A pele é o maior órgão dos pets e funciona como uma barreira de proteção contra agentes químicos, físicos e microbiológicos (bactérias, fungos, ácaros e vírus). Quando essa barreira de proteção está forte e bem estruturada, os desafios ambientais presentes no dia a dia do pet não interferem de maneira negativa na saúde e qualidade de vida do animal. Já quando a pele apresenta alguma falha na sua estrutura, os pets se tornam mais susceptíveis a dermatites e outras doenças.
A esporotricose é uma doença dermatológica comum nos felinos, causada pelo fungo Sporothrix schenckii, que é facilmente encontrado no ambiente, principalmente na terra, nos troncos de árvores e plantas em geral. O fungo pode acometer os humanos e, em raríssimos casos, os cães, sendo a esporotricose considerada uma zoonose. A doença vem ganhando mais relevância em diversas regiões do país, principalmente Rio de Janeiro, Manaus e litoral e região metropolitana de São Paulo, onde os números de casos em seres humanos estão crescentes.
“Antigamente, a esporotricose era conhecida como a doença da roseira, porque acometia em maior número as pessoas que trabalhavam com jardinagem e estavam mais frequentes neste ambiente propício para a proliferação do fungo”, conta a médica-veterinária Mariana Raposo, gerente de produtos da Avert Saúde Animal. “Mas, hoje em dia, a convivência dos pets com os humanos está cada vez mais íntima, e ainda é muito comum que os tutores permitam que os gatos domésticos tenham acesso livre à rua. É nessas saidinhas que a maioria dos gatos domésticos entram em contato com o fungo, que é abundante na natureza, e trazem ele para dentro do lar”.
Mas entrar em contato com o fungo não é determinante para manifestar a esporotricose. “Quando a pele do animal está integra e bem estruturada, o fungo não se prolifera e não causa efeito nenhum no pet, o problema é quando existem feridas, lesões, ou problemas dermatológicos prévios, como os animais que apresentam quadros recorrentes de dermatites que já têm uma tendência a ter essa pele mais frágil”, explica.
Os sintomas mais comuns da esporotricose nos felinos é a presença de áreas avermelhadas na pele, que aumentam de tamanho e abrem feridas que não cicatrizam mesmo quando tratadas, mas a doença pode se desenvolver de três formas diferentes:
Cutânea: é a forma mais superficial da doença, caracterizada pelas feridas nodulares, avermelhadas, profundas e de difícil cicatrização na pele do animal, que podem ser individuais ou múltiplas. Elas são mais frequentes na região de cabeça e nas patas, não causam dor e nem coceira.
Linfocutânea: ocorre quando a infecção progride, formando úlceras na pele e se tornando mais profunda, atingindo o sistema linfático do animal.
Disseminada: é o estágio mais avançado da doença, onde todo o organismo do felino apresenta lesões pele e pode evoluir para a forma extracutânea, passando a acometer outros órgãos do animal.
O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames citológicos, cultura fúngica ou biópsia das lesões, e por ser uma importante zoonose, os casos positivos precisam ser relatados para a vigilância sanitária, para que exista um controle maior do fungo naquela região.
Esporotricose tem cura!
“A esporotricose é uma doença séria e delicada, mesmo na sua fase mais superficial, e requer um comprometimento do tutor com o tratamento, que é longo, leva meses”, Mariana comenta.
A médica veterinária conta que o tratamento normalmente é feito com o uso de antifúngicos orais específicos contra o Sporothrix, e deve continuar por ao menos 30 dias após o desaparecimento das lesões na pele, para mitigar as chances de recidiva.
“Lesão cicatrizada não significa cura completa, por isso é importante o tutor seguir o tratamento prescrito pelo médico-veterinário direitinho, durante todo o período recomendado. Em alguns casos, dependendo da severidade das lesões, o veterinário responsável pelo caso pode associar antibióticos para combater infecções secundárias e outros adjuvantes que possam auxiliar na restauração completa da saúde da pele”, reforça.
Mariana relata que alguns estudos atuais de instituições de renome no setor de infectologia demonstram que a utilização de suplementos alimentares à base de Euglena gracilis, uma espécie de alga de água doce que tem uma alta concentração de betaglucanas em sua composição, têm tido ótimos resultados como suporte no tratamento da doença. A suplementação não substitui a medicação tradicional para eliminar o problema, mas a associação da medicação com a suplementação da alga Euglena gracilis favorece o processo de cicatrização das feridas características da esporotricose.
Além de atuar ativamente no processo de cicatrização das lesões de pele, a Euglena gracilis auxilia no equilíbrio do sistema imunológico dos pets e no fortalecimento da barreira cutânea, podendo ser utilizado por todos os animais em qualquer fase da vida que apresentem algum tipo de dermatopatia, incluindo alergias como dermatite atópica.
“Importante lembrar que a esporotricose é uma zoonose, ou seja, ela também atinge outros animais e os humanos. Por isso, os tutores de animais positivos para a doença precisam estar atentos também às lesões de pele neles mesmos e buscar ajuda profissional caso tenha alguma ferida suspeita ou que demore para cicatrizar. A saúde e o bem-estar dos pets e tutores andam juntas, especialmente quando falamos de zoonoses”, finaliza.
Fonte: Avert Saúde Animal