Desafio Mundial da Natureza Urbana 2024: celebrando a biodiversidade nas cidades

O Desafio Mundial da Natureza Urbana 2024 está prestes a começar, com a expectativa de superar os números do evento anterior. Com quase 70 mil participantes de 483 cidades e regiões de 46 países distintos, o desafio em 2023 marcou seu lugar como o maior evento global promovendo uma competição colaborativa entre cidades ao redor do mundo em busca de sua biodiversidade. Este desafio visa motivar as pessoas a valorizarem a vida silvestre ao seu redor ao observá-la e registrá-la, principalmente por meio da fotografia.

Entre os dias 26 e 29 de abril, mais de 700 cidades e regiões espalhadas por 5 continentes competirão para registrar a biodiversidade que as cerca. E entre elas está São Paulo, que se destaca como uma participante ativa no evento.

O Instituto Ampara Animal, um dos principais promotores do evento na cidade, destaca o papel fundamental de São Paulo no Desafio. Mauricio Forlani, biólogo e gerente de pesquisas da instituição, ressalta que desde 2022, quando o evento foi introduzido na cidade em parceria com a Prefeitura Municipal, São Paulo tem se destacado no ranking das cidades brasileiras com o maior número de registros de biodiversidade.

Em 2023, a cidade conquistou o segundo lugar no ranking brasileiro em número de registros e primeiro em biodiversidade, com 1479 espécies de seres vivos. Felipe Fantacini, biólogo da organização, menciona o sucesso de uma excursão realizada para o Parque Natural Municipal do Bororé, onde um terço de todos os registros e espécies de  São Paulo foram obtidos.

Joana Ho, também bióloga do Instituto, destaca a impressionante biodiversidade de São Paulo, inserida em um dos grandes hotspots de biodiversidade do mundo, o bioma Mata Atlântica. Com mais de 1300 espécies de animais e 4,5 mil espécies vegetais nativas, São Paulo tem o potencial de se tornar a metrópole com o maior número de registros de espécies durante o desafio.

O Instituto Ampara Animal, em parceria com a UMAPAZ/SVMA, irá realizar duas excursões gratuitas e abertas ao público no Parque do Carmo e no Parque Natural Municipal de Varginha nos dias 27 e 28 de abril, respectivamente. Esses eventos contarão com a presença de especialistas em fauna e flora, além dos integrantes da Rede Brasileira de Naturalistas.

Para quem não puder participar das excursões, o evento também ocorre de forma espontânea. Basta, entre os dias 26 e 29 de abril, reunir-se com familiares e amigos e ir em busca da fauna e flora silvestres que vivem na cidade. Os registros podem ser feitos por meio do app INaturalist, uma ferramenta gratuita e fácil de usar.

Nathália Formenton, doutoranda em Ensino de Ciências e educadora ambiental do Instituto Ampara Animal, destaca os benefícios de participar do Desafio da Natureza Urbana, incluindo a oportunidade de se envolver ativamente na observação da natureza e fortalecer os laços com a comunidade.

Além dos benefícios para o público, o evento contribui para o avanço da ciência, sendo um exemplo de ciência-cidadã. Os registros coletados por pessoas em todo o mundo podem ser analisados por pesquisadores para entender, por exemplo, a distribuição de espécies e os efeitos das mudanças climáticas sobre elas.

O Desafio da Natureza Urbana não se restringe apenas a São Paulo, outras 20 cidades e/ou regiões brasileiras estão participando do evento de 2024, incluindo Rio de Janeiro, Brasília, Manaus e Porto Alegre, entre outras.

Informações sobre como participar: siga as redes sociais do Instituto Ampara Animal @amparasilvestre e visite o site do evento mundial, disponível em inglês, clicando aqui .

27/04 – Excursão Ampara Parque do Carmo

28/04 – Excursão Ampara PNM Varginha 

Hoje é o Dia Mundial da Água

Os ecossistemas de água doce do mundo estão em uma espiral descendente, o que representa um risco cada vez maior para a humanidade.

O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas através da resolução A/RES/47/193 de 21 de Fevereiro de 1993. Nesta data foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água, documento composto por dez artigos com sugestões que visam despertar a consciência ecológica para essa questão.

Apenas 2,5% da água na Terra é doce e quase 2/3 desse volume está indisponível para uso imediato, na forma de geleiras ou subsolos congelados, o que requer maior conscientização da sociedade para preservar nascentes e evitar desperdícios.

Pouco mais de um quarto da população global não acessa água potável, o equivalente a 2 bilhões de pessoas, de acordo com o World Water Development Report 2023, da ONU (Organização das Nações Unidas). Ao mesmo tempo, 46% dos habitantes do planeta, ou 3,6 bilhões, não têm serviços de saneamento básico. Ainda segundo o estudo, a população urbana global que enfrenta escassez de água deve crescer bastante, eram 930 milhões em 2016, o que já representava um número elevado, podendo chegar a 2,4 bilhões até 2050.

“O Brasil é o grande manancial do mundo: possui 13,7% de toda a água doce e 20% das águas subterrâneas do planeta. A divisão da água doce encontra-se da seguinte forma: 70% na região norte, 15% na região centro-oeste, 6% no sudeste, 6% no sul e 3% no nordeste”, relata Vininha F. Carvalho, ambientalista e editora da Revista Ecotour News & Negócios.

A água é o recurso natural de maior importância para a existência dos seres vivos na Terra. Sem ela, nenhum humano, vegetal ou animal sobreviveria. Mas, esse valioso recurso natural vem sendo colocado em risco, por ter sido tratado de maneira irresponsável ao longo de décadas.

Desde 1970, o mundo perdeu um terço de suas áreas úmidas remanescentes, enquanto as populações de animais selvagens de água doce caíram em uma média de 83%. No Brasil, por exemplo, a população de botos cor-de-rosa na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas, teve uma queda de 65% entre 1994 e 2016, segundo o Relatório Planeta Vivo 2022.

Para 86% dos brasileiros, a poluição das águas é o principal problema global da humanidade, nível superior à média global (64%) e acima de desafios como guerras e conflitos armados (83%) e crise climática (73%), de acordo com a pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023, realizada por Instituto Akatu e GlobeScan.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), são necessários 35 ml diários para cada quilo corporal. No fígado se concentra a maior quantidade de água do organismo (86%), seguido pelos pulmões (83%), rins e músculos (79%) cérebro e coração (73%), pele (64%) e ossos (31%). A água também é um importante componente do plasma sanguíneo, respondendo pelo transporte de nutrientes, oxigênio e sais minerais para as células.

“Dar prioridade para tratamento de esgotos e resíduos sólidos e despoluição dos mananciais é a maior prioridade na gestão dos recursos hídricos. Transformar em realidade os projetos assumidos no papel nos âmbitos local, nacional, regional e internacional exige a participação dos setores públicos e privados e da sociedade civil”, conclui Vininha F. Carvalho.

Voto será decisivo para florestas, biodiversidade, clima e povos indígenas

Com base no histórico dos candidatos e nos compromissos das campanhas de Lula e Bolsonaro, pesquisadores da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) alertam para significado do resultado das urnas para o meio ambiente  

As eleições deste domingo são determinantes para o futuro das florestas, da biodiversidade, dos direitos de povos indígenas e do papel do Brasil no enfrentamento da crise climática global. Esta é a opinião de pesquisadores da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), que observam lacunas nas propostas ambientais dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mas percebem diferenças claras nos compromissos entres os dois postulantes ao cargo.  

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Para Carlos Rittl, membro da RECN e especialista em política internacional da Rainforest Foundation da Noruega, se Jair Bolsonaro for reeleito deve acelerar seus ataques ao meio ambiente e povos da floresta, que já levaram a um aumento de 73% no desmatamento na Amazônia e crescimento da violência contra comunidades indígenas nestes últimos quatro anos. “Ele encaminhou várias propostas ao Congresso visando abrir terras indígenas para a mineração, agropecuária em larga escala e infraestrutura sem consulta a populações que seriam atingidas e para o enfraquecimento das regras do licenciamento ambiental de grandes projetos de infraestrutura e atividades econômicas com alto potencial de impacto no meio ambiente”, lembra Rittl.  

O pesquisador avalia que, caso seja reeleito, Bolsonaro deve fortalecer seu compromisso com os setores ruralista e da mineração para aprovação de novos projetos que facilitem suas atividades. “O resultado disso seria catastrófico para florestas de todos os nossos biomas e para os povos indígenas e comunidades tradicionais, assim como para as emissões brasileiras de gases de efeito estufa, que aumentariam ainda mais”, pontua Rittl, que também é ex-secretário executivo do Observatório do Clima.  

Em relação ao ex-presidente Lula, Rittl pondera que, apesar dos problemas ambientais durante seus dois mandatos (2003-2010), houve queda da taxa anual de desmatamento na Amazônia em 68%, devido à ampliação de áreas protegidas e demarcação de várias terras indígenas, e tudo em um período em que a produção e o PIB agrícolas cresciam sistematicamente.  

“Enquanto candidato, Lula tem prometido reconstruir políticas ambientais que foram abandonadas pela gestão Bolsonaro, como o Fundo Amazônia e os planos de combate ao desmatamento. Se eleito, seu governo tende a fortalecer os órgãos ambientais e a Funai, recuperar seu orçamento, combater crimes ambientais e proteger nossos parques, reservas e terras indígenas. Isso levaria a uma redução significativa nas taxas de desmatamento em todo o Brasil, assim como nas ameaças aos povos de nossas florestas”, analisa o pesquisador.  

Para Philip Fearnside, também membro da RECN e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), um segundo mandato de Bolsonaro seria muito prejudicial para a Amazônia, tendo em vista o que ocorreu no país nos últimos quatro anos. “Ao mesmo tempo, deve-se mencionar que a eleição de Lula, embora muito mais promissor para o meio ambiente do que Bolsonaro, também exigiria que os preocupados com as questões ambientais prestem muita atenção ao longo de seu mandato. Afinal, no seu governo anterior, o Lula construiu a hidrelétrica de Belo Monte e hoje diz que faria tudo de novo”, reflete o pesquisador.  

Fearnside, que também é membro da Academia Brasileira de Ciências e o segundo cientista do mundo em citações sobre aquecimento global, pondera que os indígenas impactados pelas hidrelétricas não costumam ser consultados em projetos de barragens. O pesquisador lembra ainda que a aprovação de uma primeira versão da “lei dos grileiros”, em 2004, durante o primeiro mandato de Lula, facilitou a legalização de reivindicações de terras ilegais. “Retirar Bolsonaro não significaria que a Amazônia esteja salva. Os países que importam soja e carne bovina do Brasil, por exemplo, não devem pensar que restrições ambientais a essas commodities sejam desnecessárias”, afirma Fernside.  

Os pesquisadores concordam que, independentemente do resultado das eleições, não será tarefa fácil recuperar o caminho da proteção ao patrimônio natural brasileiro. Em 2023, o governo terá de gerir o orçamento ambiental mais baixo das últimas décadas, acordado entre Bolsonaro e sua base de apoio no Congresso Nacional. “Além disso, um novo governo teria de lidar com máfias muito estruturadas de criminosos ambientais que lucraram muito com a destruição de florestas e a certeza de impunidade”, afirma Rittl.  


Foto: Tamara Saré – Agência Pará

Um caminho possível para recuperar o terreno perdido na área ambiental seria a busca por parcerias internacionais. “Países ricos têm demonstrado a intenção de apoiar a redução de desmatamento, como Estados Unidos, Noruega e países da União Europeia. Isso poderia compensar as dificuldades que um eventual governo encontraria quando tomasse posse”, observa o pesquisador.  

Sobre a Rede de Especialistas

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.

Entenda o que está em jogo com o Projeto de Lei da caça esportiva no Brasil

Reuber Brandão, professor da UnB e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, analisa argumentos dos defensores do PL 5.544/20 e avalia os riscos à conservação da biodiversidade

O Projeto de Lei 5.544/2020, que libera a caça esportiva no Brasil – permitindo perseguição, captura e abate de animais – foi retirado da pauta da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados na última semana, após uma série de obstruções de parlamentares contrários à medida. “A forte mobilização da sociedade civil brasileira e o entendimento que as pessoas possuem sobre o valor intrínseco da vida fizeram com que os apoiadores do PL recuassem. Mas é provável que o tema volte à pauta em algum momento e, por isso, devemos ficar atentos”, afirma Reuber Brandão, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor de Manejo de Fauna e de Áreas Silvestres na Universidade de Brasília (UnB).

Diante da dificuldade em fiscalizar as áreas naturais em todo o país, a permissão à caça pode fazer com que muitas espécies silvestres sejam vistas como troféus. “A tendência é a busca pelos animais mais raros e únicos, aumentando a pressão sobre as espécies que são topo de cadeia, que precisam de grandes áreas preservadas para viver. Incentivar essa prática me parece uma covardia”, frisa o professor da UNB. Algumas das espécies que poderiam entrar na mira dos caçadores são a onça-pintada, a anta, o tamanduá-bandeira e o lobo-guará.

O especialista reforça que esse tipo de proposta vai na contramão dos esforços mundiais pela preservação das diversas espécies ameaçadas de extinção. “O Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que valorize a sua incrível biodiversidade e não de propostas que aumentem a pressão sobre a nossa fauna, que já enfrenta dificuldades por causa do desmatamento, de incêndios e outros enormes desafios”, afirma.

Para Brandão, a tentativa de colocar o PL 5.544/20 em votação é um aceno dos deputados ao atual governo, alicerçada em uma falsa noção da ampliação das liberdades individuais. Facilitar o acesso da população a armas é uma das principais bandeiras nesta direção. “Sob este pretexto, a tentativa revela, tão somente, uma percepção egoísta que pressupõe a ausência de limite do comportamento do indivíduo na sociedade. Entendo que a garantia de liberdades individuais não pode se confundir com ausência de responsabilidade coletiva. Na área ambiental, essa ideologia somada aos esforços para enfraquecer os órgãos de fiscalização e controle pode gerar um ambiente de total descontrole, que certamente vai trazer mais ameaças a muitas espécies da nossa fauna”, argumenta Brandão.

Um dos argumentos em defesa da aprovação do PL 5.544/20 é o aumento da interação entre o ser humano, os animais e a natureza. Na visão do professor da UnB, a apresentação deste raciocínio beira o surreal. “Presume que as pessoas querem ter interação com o sangue, a morte e a extinção dos animais. Não consigo entender que tipo de benefício um PL como esse pode trazer ao país. Pelo contrário, pode reforçar a ideia de que o Brasil realmente não tem compromisso com a sua rica biodiversidade”, finaliza.

Conforme Enquete Pública realizada no site da Câmara, a ampla maioria da sociedade civil brasileira é contra a caça por esporte. O levantamento mostrou que 97% dos votantes (71.614 votos) se dizem “totalmente contrários” ao PL. Existe a possibilidade de o projeto ser submetido a audiência pública antes de voltar à apreciação da Câmara.

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Sobre a Rede de Especialistas

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes clicando aqui.

N.R.: tentativas como esta me fazem sentir vergonha de viver no Brasil atual.

Projeto de lei aumenta pena para quem comete crime contra animais ameaçados de extinção

Legislação atual é branda e prevê até um ano de detenção; punição pode triplicar

O deputado federal Célio Studart (PV-CE) apresentou um projeto de lei para aumentar, em até três vezes, a pena para quem comete crime contra animais raros ou ameaçados de extinção. Hoje a punição vai de seis meses a um ano de detenção.

A ideia é coibir com mais rigor esta prática, que ainda acontece com frequência no país. “Nossa legislação ainda falha com os crimes ambientais, e as penas são muito brandas. Temos que mudar isso e colocar na cadeia quem comete esses crimes”, explicou Célio.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, existem no Brasil 1.173 grupos de animais ameaçados, que estão listados em duas Portarias publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA): uma delas é datada de 2014 e trata de espécies terrestres e mamíferos aquáticos. A outra, do mesmo ano, se refere a peixes e invertebrados aquáticos.

Entre os animais listados, 110 são mamíferos, 234 aves, 80 répteis, 41 anfíbios, 353 peixes ósseos (310 água doce e 43 marinhos), 55 peixes cartilaginosos (54 marinhos e 1 de água doce), 1 peixe-bruxa e 299 invertebrados. No total, 448 espécies Vulneráveis (VU), 406 Em Perigo (EN), 318 Criticamente em Perigo (CR) e 1 Extinta na Natureza (EW).

Assim, um crime cometido contra um animal ameaçado de extinção pode significar o risco à existência de uma espécie inteira, e em alguns casos pode gerar danos irreparáveis ao ecossistema.

Em seu projeto, o parlamentar relembrou o caso recente da onça-parda que foi assassinada de forma brutal e exibida como troféu por moradores do município de Assaré, no Ceará. A espécie vítima da barbaridade corre grande risco de extinção.

Você pode conferir a íntegra do PL clicando aqui.

Fonte: Partido Verde

Ativista Greta Thunberg destaca os graves danos dos atuais sistemas de produção alimentar

Greta Thunberg faz parceria com organização de proteção animal num novo vídeo que pede ao mundo que escolha alimentos de origem vegetal para ajudar o ambiente

Mercy For Animals anunciou no sábado (22) um novo vídeo intitulado “Pela Natureza”, com a ativista climática e ambiental sueca Greta Thunberg, destacando as ligações entre as crises climática e ecológica e a pandemia da Covid-19. Greta apela ao público para deixar a carne de fora do prato para ajudar a combater as alterações climáticas.

Para assistir ao vídeo legendado em português, clique aqui.

Falando de Estocolmo com o seu cão, Roxy, Greta ajuda o público a ligar os pontos entre o aumento de novas doenças causadas pela nossa relação com os animais, o rápido declínio da biodiversidade e a crise climática causada em parte pelo aumento das emissões de carbono vindo de sistemas alimentares. Greta realizou esse filme para ajudar o público a compreender as ligações entre esses problemas e as suas soluções. “Sejamos francos, se não mudarmos, estamos f*****”, afirma a ativista de forma franca. “Mas nós podemos mudar”, ela assegura. Apesar de inúmeras estatísticas preocupantes, Greta traz otimismo ao filme.

“A crise climática é apenas um sintoma da crise de sustentabilidade que enfrentamos. Temos industrializado a vida na Terra e deteriorado a nossa relação com a natureza”, diz Greta. “Pandemias mais frequentes e devastadoras, perda de biodiversidade e a crise climática estão todas ligadas a essa causa raiz. É por isso que precisamos repensar a forma como valorizamos e tratamos a natureza, a fim de assegurar as condições futuras e presentes para a vida na Terra. Todos nós, naturalmente, temos diferentes oportunidades e responsabilidades, mas a maioria de nós pode pelo menos fazer algo — mesmo que seja pouco.”

A criação de animais explorados para consumo humano é uma das principais causas de desmatamento, degradação do solo, poluição da água e perda de biodiversidade, além de consumir intensivamente os recursos naturais para sustentar o crescente aumento da população. Usamos uma extensão enorme de terras valiosas para cultivar soja, milho e trigo, alimentos que poderiam ser utilizados para alimentar os seres humanos diretamente; em vez disso, usamos esses grãos, em uma conversão absurda, como ração para alimentar poucos animais e transformá-los em carne para consumo humano. A exploração de animais para alimentação utiliza cerca de 30% da terra do planeta e a produção de rações ocupa 33% da terra de cultivo do mundo.

“A Mercy for Animals orgulha-se de se associar à Greta para aumentar a conscientização sobre a interligação de todos os seres do nosso planeta”, disse John Seber, vice-presidente sênior de Advocacy da Mercy For Animals. “Cada um de nós pode fazer parte da transformação do nosso sistema alimentar e reparar a nossa relação com a natureza. Nós, que temos como fazer escolhas alimentares, podemos comer como se o nosso mundo dependesse disso. Podemos deixar de subsidiar produtos de origem animal prejudiciais à saúde e ambientalmente destrutivos e ajudar os agricultores na transição para um modelo agrícola baseado em plantas que seja melhor para a sua subsistência, as comunidades locais, o ambiente e os animais. Somos todos parte da natureza e podemos ser uma parte da natureza protegendo a si mesma”.

Greta pediu ao premiado cineasta britânico Tom Mustill para criar o filme. Seu trabalho com a BBC, estrelando David Attenborough e outras figuras de renome da ciência e conservação, ganhou mais de 30 prêmios internacionais, incluindo dois Webbys, um Panda Widescreen e dois Prêmios Jackson Wild. O trabalho de Tom também foi nomeado para um Emmy em horário nobre e exibido nas Nações Unidas e no Parlamento Europeu.

“Foi brilhante ser convidado pela Greta para fazer este filme”, disse Tom. “É um tema desafiador e complexo e difícil de destrinchar. Como fazer com que as pessoas tomem as suas próprias decisões e não se afastem? Como mostrar visualmente esse conteúdo? Trabalhar neste projeto com a Greta e Bram, que editaram o filme, tem sido realmente gratificante em termos criativos. Essas questões interligadas não têm uma solução única e, como ela diz no filme, ‘Alguns de nós temos muitas escolhas, enquanto outros não têm nenhuma’. Espero que isso ajude as pessoas a se engajarem em suas partes nesta história e em suas relações com a natureza”.

Sobre a Mercy For Animals

Fundada há mais de 20 anos nos Estados Unidos e presente no Brasil desde 2015, a Mercy For Animals (MFA) é uma das principais organizações sem fins lucrativos do mundo dedicada a combater a exploração de animais para consumo, especialmente em fazendas industriais e na indústria da pesca. A MFA trabalha para transformar o atual sistema alimentar e substituí-lo por um modelo que seja mais compassivo com os animais e garanta um futuro melhor para o planeta e todos que o habitam. Atualmente, a Mercy For Animals também opera em outros países da América Latina, no Canadá e na Índia.

Para mais informações sobre a organização, acesse Mercy for Animals.

Para saber mais:

  • A exploração de animais para alimentação utiliza cerca de 30% da terra sem gelo do planeta – Steinfeld et al., Livestock’s Long Shadow, 4.
  • A produção de rações ocupa 33% da terra de cultivo do mundo – Food and Agriculture Organization of the United Nations, Livestock and Landscapes (FAO, 2012), 1.

Fontes usadas no filme:

  • Até 75% de todas as novas doenças vêm de outros animais – “3 em cada 4 doenças infecciosas novas ou emergentes em humanos vêm de animais” CDC Julho 2017 https://www.cdc.gov/onehealth/basics/zoonotic-diseases.html
  • 83% das terras agrícolas do mundo são utilizadas para alimentar gado -“carne, aquicultura, ovos e laticínios ~83% da terra agrícola mundial ”. Science, 1 de Junho de 2018, Poore & Nemecek https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987
  • No entanto, o gado fornece apenas 18% das nossas calorias – “apesar de representar apenas 37% das nossas proteínas e 18% das nossas calorias” Science, 1 de junho de 2018, Poore & Nemecek https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987
  • A área de terra utilizada para produção de carne e laticínios equivale à área das Américas do Norte e do Sul juntas – “a necessidade de terra para a produção de carne e derivados de leite é o equivalente a uma área do tamanho das Américas, abrangendo desde o Alasca até a Terra do Fogo”. Our World in Data, 4 de março de 2021, Hannah Ritchie – stats from UN FAO https://ourworldindata.org/land-use-diets
  • Mas a agricultura e o uso da terra em conjunto correspondem a cerca de ¼ das nossas emissões – “A cadeia produtiva de alimentos gera ~13.7 bilhões de toneladas por metro de dióxido de carbono (CO2eq), 26% das emissões de GHG causadas por humanos.” Science, 1 de junho de 2018, Poore & Nemecek https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987
  • Se mudarmos para uma dieta à base de plantas, poderíamos poupar até 8 bilhões de toneladas de CO2, todos os anos – “Até 2050, as mudanças alimentares poderiam liberar vários milhões de quilômetros quadrados de terra, e reduzir as emissões globais de CO2 até oito bilhões de toneladas por ano, em relação à situação normal, estimam os cientistas”. Nature, 8 de agosto de 2019. https://www.nature.com/articles/d41586-019-02409-7
  • 25 vezes todas as emissões vulcânicas – “O CO2 liberado na atmosfera e oceanos atualmente vem de vulcões e outras regiões magneticamente ativas, estimados em 280 a 360 milhões de toneladas (0,28 a 0,36 Gt) por ano, incluindo a quantidade liberada nos oceanos a partir dos vulcões abaixo do nível do mar” (utilizamos a parte inferior da estimativa por questões de segurança). Deep Carbon Observatory, 2019.
  • Nós poderíamos nos alimentar utilizando menos terra [76%] “Mudar as dietas atuais para uma dieta que exclui os produtos de origem animal… tem um potencial transformador, reduzindo o uso da terra para cultivo de alimentos em 3,1 (2,8 a 3,3) bilhões de hectares (uma redução de 76%)” Science, 1 de junho de 2018, Poore & Nemecek https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987
  • Todos os anos matamos cerca de 60 bilhões de animais – UN FAO via Our World In Data https://ourworldindata.org/grapher/animals-slaughtered-for-meat?country=~OWID_WRL

Mais de 70% dos animais vivem em fazendas industriais. Nos Estados Unidos, esse número chega a 99% – “Mais de 70% dos animais no mundo são explorados para consumo, incluindo uma estimativa de 99% nos Estados Unidos.” Farm Animal Investment Risk and Return, 2016. https://cdn.fairr.org/2019/01/09115647/FAIRR_Report_Factory_Farming_Assessing_Investment_Risks.pdf

Dia da Terra: pesquisa mostra que maioria da população diz entender quais ações são necessárias para combater mudanças climáticas

Pesquisa foi realizada com entrevistados de 30 países, incluindo o Brasil

Sete entre cada dez pessoas no mundo (69%) afirmam entender quais ações precisam tomar para desempenhar seu papel no combate às mudanças climáticas. É o que aponta a pesquisa Perils of Perception, realizada pela Ipsos com respondentes de 30 nações. No Brasil, o percentual está muito próximo da média global: 68% dos brasileiros dizem estar cientes de como devem agir para enfrentar as mudanças climáticas.

Apesar de a maioria declarar entender as ações que devem ser tomadas, na prática a realidade é outra. Em uma lista de opções, os participantes do estudo deveriam escolher as três que, em sua opinião, mais reduziriam as emissões de gases de efeito estufa de um indivíduo residente de um país abastado. No total, 59% dos entrevistados de todos os países escolheram a alternativa “reciclar o máximo possível”. No entanto, segundo levantamento do Institute of Physics, a opção mais efetiva para a redução da emissão de gases seria “ter um filho a menos”, citada por apenas 11%.

No Brasil, as alternativas mais escolhidas foram: reciclar o máximo possível (63%), substituir um carro típico por um carro elétrico ou híbrido (51%) e comprar energia somente de fontes renováveis, como energia eólica e hidrelétrica (49%). No ranking do Institute of Physics das ações individuais mais efetivas para enfrentar as mudanças climáticas, estas opções estão em 7º, 5º e 4º lugar, respectivamente.

Alimentação também impacta mudanças climáticas

A pesquisa também questionou qual das seguintes ações os entrevistados acreditam reduzir mais a emissão de gases de efeito estufa de um indivíduo: consumir uma dieta majoritariamente produzida localmente, incluindo carne e laticínios, ou consumir uma dieta vegetariana, mesmo que algumas das frutas e legumes tenham sido importados de outros países. Mais uma vez, a percepção global difere da resposta cientificamente correta.

Considerando os 30 países, 57% dos respondentes acham que é preferível se alimentar de uma dieta produzida localmente, enquanto 20% acreditam que o vegetarianismo é a melhor opção para reduzir a emissão de gases. Mas, de acordo com o Our World In Data, é mais eficaz ser vegetariano do que consumir produtos locais. No Brasil, 41% acham que é melhor consumir uma dieta produzida localmente e 31% acreditam que a dieta vegetariana reduziria mais a emissão de gases de efeito estufa de um indivíduo – sendo o país que menos se equivocou entre percepção e realidade nesta questão.

O estudo on-line foi realizado com 21.011 pessoas – sendo mil brasileiros – com idades entre 16 e 74 anos de 30 países. Os dados foram colhidos de 19 de fevereiro a 05 de março de 2021, e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.

Sobre a Ipsos

A Ipsos é uma empresa de pesquisa de mercado independente, presente em 90 mercados. A companhia, que tem globalmente mais de 5.000 clientes e 18.130 colaboradores, entrega dados e análises sobre pessoas, mercados, marcas e sociedades para facilitar a tomada de decisão das empresas e das organizações. Maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, a Ipsos atua ainda nas áreas de marketing, comunicação, mídia, customer experience, engajamento de colaboradores e opinião pública. Os pesquisadores da Ipsos avaliam o potencial do mercado e interpretam as tendências. Desenvolvem e constroem marcas, ajudam os clientes a construírem relacionamento de longo prazo com seus parceiros, testam publicidade e medem a opinião pública ao redor do mundo.

Dia da Vida Selvagem convida à reflexão sobre planos de ação em situação de desastres

Medidas de emergência devem focar a prevenção de desdobramentos que causam sofrimento animal e comprometem a biodiversidade

Ontem, 3 de março, foi comemorado o Dia da Vida Selvagem. Recentemente, o Brasil registrou desastres com imensuráveis perdas à biodiversidade. Um exemplo é o que ocorreu no Pantanal (MT), em que os incêndios, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aumentaram em 210% em 2020, na comparação com o ano anterior. Esta realidade pode parecer distante do estado de São Paulo (SP), entretanto, a vida selvagem em terras paulistas também requer, de forma iminente, ações preventivas e de contenção de impactos.

“Isso porque áreas remanescentes de importantes biomas que se estendem por São Paulo, como é o caso da Mata Atlântica, estão vulneráveis a ações humanas como a urbanização e a expansão agropecuária indiscriminadas”, diz a médica-veterinária Elma Polegato, presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CTSA/CRMV-SP).

Prova desta vulnerabilidade são os dados publicados pela SOS Mata Atlântica em outubro do ano passado, apontando áreas queimadas no Estado cuja soma é equivalente a 1,2 mil campos de futebol. “A maior pressão vem da expansão urbana. Ano passado houve muito impacto em decorrência de incêndios e o que vemos é um cenário complexo para ser revertido”, diz o gerente de Restauração Florestal da SOS Mata Atlântica, Rafael Bitante.

Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica

São Paulo possui pouco mais de 2,3 milhões de hectares do bioma, o que corresponde a apenas 12,4% da mata original no Estado, de acordo com relatório de 2019, publicado no ano passado pela Fundação SOS Mata Atlântica. Entre as espécies abrigadas pela mata estão diversas ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira e o mico-leão-dourado.

Fogo pode dizimar populações inteiras de espécies

Agência da Notícia Pantanal

Segundo o médico-veterinário Fabrício Braga Rassy, presidente da Comissão Técnica de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens (CTMVAS) do Conselho, os incêndios são um “grande terror” para a fauna. “Animais atingidos pelas chamas ou pela falta de alimentos no pós-fogo estão sob ameaça em todo o país, alguns podem existir apenas nas regiões afetadas.”

Profissional de longa trajetória com animais silvestres, com experiência em resgate e reabilitação, atualmente à frente da Divisão de Médicos-Veterinários da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), Fabrício frisa que, com frequência, as sequelas em animais feridos são irreversíveis, o que inviabiliza o retorno à natureza. “Planos de redução do impacto a essas vidas são cruciais.”

Plano de ação requer engajamento

Foto: Willian Gomes/Secom UFMT

O argumento do médico-veterinário paulista Leonardo Maggio de Castro, integrante da Comissão Nacional de Desastres em Massa Envolvendo Animais do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), vai na mesma direção do de Rassy. “Os governos e a classe médica-veterinária devem se articular para um plano de ação específico aos animais em situações extremas.”

Castro frisa a importância do preparo para gestão de crise e para aplicar o Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais do CFMV, com diretrizes que aumentam as chances de preservar a vida de animais e a continuidade das espécies em caso de deslizamentos, incêndios, rompimento de barragens e vazamento de óleo em rios e mares.

Plano regional é estudado

No que diz respeito à mobilização da classe, o CRMV-SP já iniciou tratativas para a criação de uma comissão voltada à Medicina Veterinária de Desastres, o que será primordial para que médicos-veterinários contribuam para com o mapeamento de situações específicas das cidades do Estado e criem, então, um plano estadual.

“Os médicos-veterinários podem garantir as melhores estratégias com foco na vida animal, com base em técnicas, protocolos e condutas profissionais, assim como médicos e bombeiros atuam para preservar a vida humana, no preventivo e nas situações críticas”, frisa Castro.

Fonte: Comunicação CRMV-SP

Onçafari inicia crowdfunding para reintrodução de onça-parda na natureza

Campanha “The Wild to the Wild” começou em quatro de novembro e espera arrecadar R$ 100 mil

O Onçafari, criado para o estudo e conservação de onças-pintadas e lobos-guará, lançou, em 04/11, a campanha anual de crowdfunding. Nesta edição, a iniciativa, denominada “The Wild to the Wild”, busca levantar fundos, por meio de financiamento coletivo, para viabilizar a reintrodução na natureza da Cacau, primeira onça-parda sob os cuidados do projeto, no Pantanal. A expectativa é arrecadar R$ 100 mil, com doações que podem ser desde R$ 10,00 até R$ 25 mil, pela plataforma Kickante.

A reintrodução consiste em habilitar ou reabilitar animais para que possam voltar a viver totalmente integrados ao habitat a que pertencem. O Onçafari, por meio de sua frente Rewild (Reintrodução), desenvolvida em parceria com o Cenap/ICMBio, realiza esse trabalho desde 2014 em dois recintos destinados à reabilitação e soltura, localizados no Pantanal e na Amazônia. O processo pode durar menos ou mais de um ano, dependendo das especificidades de cada caso.

A iniciativa “The Wild to the Wild” busca levantar fundos para viabilizar a reintrodução na natureza da Cacau

“Essa é primeira onça-parda que recebemos para promover essa iniciativa de reintrodução e convidamos a todos a contribuir para tornar esse trabalho possível e devolver a Cacau à natureza. É possível doar entre R$ 10,00 e R$ 25 mil, sendo que os valores geram recompensas. Entre elas, calendários, patrocinados pela Land Rover, que contam a trajetória da Cacau e outras histórias de sucesso do Onçafari na reintrodução de animais ao seu habitat natural; máscaras de proteção, com uma estampa exclusiva para o Onçafari, desenvolvida por Flavia Carvalho Pinto; e até mesmo uma viagem de três dias ao Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal, onde está localizada a base do Onçafari na região”, comenta Mario Haberfeld, fundador do projeto.

O Onçafari trabalha com a reintrodução de grandes felinos desde 2014. O primeiro caso de sucesso foi o das irmãs Isa e Fera, onças-pintadas que perderam a mãe ainda filhotes e foram reintroduzidas no Pantanal. Em 2016, o projeto recebeu, na Amazônia, as irmãs Pandora e Vivara com poucos dias de vida. Após o trabalho desenvolvido com os animais, aconteceu a soltura na natureza. Em 2019, o Jatobazinho foi recebido pelo Onçafari e no momento passa pelo processo de reintrodução na Argentina, para ser o primeiro macho a ser solto na região de Esteros del Iberá.

“Agora, em 2020, estamos com a Cacau, nossa primeira onça-parda, com a qual vamos promover iniciativas de observação comportamental e treinamento para a caça, e prevemos que se integrará tranquilamente ao Pantanal após o processo”, destaca Haberfeld.

Quem é a Cacau?

A Cacau é uma onça-parda de cinco anos, que chegou ao Onçafari em setembro, pesa 36 kg, é especialista em subir em árvores. Arisca e independente – essas são suas características primárias, o que tornou possível trazê-la para o recinto de reintrodução do Onçafari. Isso acontece pois, além de todos os recursos tanto espaciais como financeiros, é preciso que o animal em questão não esteja apegado a comportamentos mais humanos para passar pelo processo de reintrodução – como no caso de onças que procuram carinho das pessoas, por exemplo.

Como a Cacau não demonstrou esse tipo de comportamento quando a equipe do Onçafari a conheceu no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), a onça-parda foi trazida ao projeto para reabilitação biológica e comportamental para se integrar ao Pantanal depois de viver toda a vida em um espaço de poucos metros quadrados. “Todas as espécies do planeta têm direito à vida. Reintroduzir a Cacau na natureza, de onde nunca deveria ter saído, é dar a ela a chance de finalmente vi
ver em liberdade”, ressalta Lilian Rampin, bióloga e coordenadora geral do Onçafari.

Conheça o passo a passo da reintrodução
• São avaliados a saúde e o comportamento dos animais e verificado se há condição de reintroduzi-los com sucesso à vida selvagem.
• Os animais são inseridos em uma área de semicativeiro, com as mesmas características do habitat natural, para que possam aprender a caçar e interagir com o ambiente como qualquer animal selvagem. Trata-se de um espaço onde podem ser observados, compreendidos e avaliados constantemente pelos coordenadores do projeto.
• Se considerados aptos para serem reintroduzidos na natureza, os animais são equipados com rádio-colares dotados de GPS para o monitoramento após a soltura, e reintroduzidos no habitat natural.
• O Onçafari monitora as onças para avaliar se estão conseguindo lidar com os desafios na natureza e, se necessário, há um novo resgate.

A reintrodução consiste em habilitar ou reabilitar animais para que possam voltar a viver totalmente integrados ao habitat a que pertencem

Vamos contribuir?

A expectativa é chegar a R$ 100 mil e os interessados podem doar a partir de R$ 10,00 clicando aqui.

Sobre o Onçafari

O Onçafari atua no Pantanal, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserido por meio do ecoturismo e de estudos científicos. O projeto é focado na preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas e lobos-guarás.

Proteção Animal Mundial: comércio de animais selvagens é tema de nova série de podcast

Produzido pela Proteção Animal Mundial, primeiro episódio trata sobre os riscos da interação entre pessoas e animais selvagens para a saúde pública

O comércio de animais selvagens e seus riscos para a humanidade são os temas centrais do podcast Mega Animal, apresentado pela Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que atua em prol do bem-estar dos animais. Comandada pela jornalista Paulina Chamorro e produzida pelo estúdio Compasso Coolab, a série de podcasts aborda diferentes formas da mercantilização em escala industrial da vida silvestre, seja para alimentação, medicina tradicional, entretenimento ou acessórios de moda.

A série é parte da campanha “Me deixa ser selvagem”, iniciativa da organização que pretende pressionar o grupo de líderes dos países do G-20, incluindo o governo brasileiro, a discutirem o banimento global do comércio de animais silvestres, em sua cúpula anual no próximo mês novembro.

“Com os podcasts queremos mostrar para as pessoas que a comercialização de animais silvestres está muito mais próxima de nós do que parece. O papagaio do vizinho, o show de golfinhos, a bolsa de jacaré são exemplos de animais transformados em mercadorias, que além de serem fonte de enorme sofrimento animal, representam riscos para a saúde das pessoas”, explica o gerente de Comunicação da Proteção Animal Mundial, João Gonçalves, lembrando que os episódios serão lançados nas principais plataformas de streaming quinzenalmente às quintas-feiras, e teve seu início ontem, 24 de setembro.

O primeiro episódio fala sobre a relação dos animais silvestres com saúde pública e pandemias – antigas, atuais e futuras, conta com a participação do pesquisador da FIOCruz Christovam Barcellos e da médica veterinária, Flávia Miranda, que explicam a relação antiga entre humanos e animais.

Ao todo, a série Mega Animal terá seis episódios que entre outros temas vão debater o mercado de silvestres sendo comercializados como bichos de estimação, a exploração dos animais para a indústria do entretenimento, o uso de partes de animais selvagens na culinária, na moda e na medicina tradicional e a questão da caça no Brasil.

Fim do comércio de animais silvestres

Acabar com o comércio mundial de animais silvestres é essencial para proteger a saúde humana e a economia de novas pandemias como a Covid-19 e garantir uma vida sem sofrimento para os animais. Por isso, a Proteção Animal Mundial lançou uma campanha global que pede que os líderes do G20 trabalhem para a proibição permanente do comércio de animais silvestres no mundo.

Em abaixo-assinado, iniciado em maio de 2020, a organização pede que o tema seja incluído na agenda da cúpula anual do G20 que acontece em novembro próximo. Como parte do G20, o governo brasileiro tem o poder de influenciar as superpotências globais a tomarem a atitude necessária para proteger os animais, as pessoas – saúde e economia – e o planeta. Para saber mais, clique aqui.

Sobre a Proteção Animal Mundial (World Animal Protection)

A Proteção Animal Mundial move o mundo para proteger os animais por mais de 50 anos. A organização trabalha para melhorar o bem-estar dos animais e evitar seu sofrimento. As atividades da organização incluem trabalhar com empresas para garantir altos padrões de bem-estar para os animais sob seus cuidados; trabalhar com governos e outras partes interessadas para impedir que animais silvestres sejam cruelmente negociados, presos ou mortos; e salvar as vidas dos animais e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles em situações de desastre. A organização influencia os tomadores de decisão a colocar os animais na agenda global e inspira as pessoas a mudarem a vida dos animais para melhor.

Informações: Proteção Animal Mundial